quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Lincoln (Lincoln, 2013)

Antes de mais nada é necessário situarmos que Lincoln não é filme de fácil leitura para quem não é íntimo da história americana. As situações, personagens e motivações não nos são (pelo menos em boa parte) de conhecimento amplo, o que torna a compreensão do enredo algo um tanto trabalhoso. A partir de uma hora de filme essa sensação incômoda de não estar entendendo quase nada tende a diminuir e o filme acaba engrenando.

Além de um tanto confuso à primeira vista, o enredo gera estranheza àqueles que não são ambientados à história estadunidense, mas que possuem certo discernimento quanto a política atual quando é passado ao público que o partido defensor da emenda número 13, que propunha o fim da escravidão, era o republicanos e esta combatida ferrenhamente por democratas. Algo bem curioso e surpreendente se considerarmos as características de ambos grupos hoje em dia.

Para realização do filme o diretor Spielberg e o roteirista Tony Kushner basearam-se no livro “Team of Rivals: The Genius of Abraham Lincoln”, de Doris Kearns Goodwin e se concentram em 4 meses da vida de Lincoln focando seu trabalho para a aprovação da 13° emenda e as negociações para o armistício entre Sul e Norte. As estratégias por vezes escusas que perpassam o jogo político são bem explorados e jogados na tela sem muito filtro mostrando que corrupção e política caminham juntos desde de muito tempo e nas mais diversas nações. Também são trabalhados nos filme as relações pessoais de Lincoln com a esposa e os dois filhos.

Com um elenco afiado o filme caminha bem na sua metade final depois de uns 70 minutos iniciais bem arrastados. O papa prêmios deste ano, Daniel Day Lewis (‘Meu pé esquerdo‘) está estupidamente sensacional. Conhecido por performances plásticas que o exigiam física e mentalmente, não deixa por menos em ‘Lincoln‘. Com uma fina ironia, o seu Abrahan Lincoln desperta o apoio do espectador não só por seu nobre ato, mas pela pessoa que foi.




Outro ponto alto do filme é fotografia de Janusz Kaminski, companheiro de trabalho de Spielberg de longa data. As luzes e sombras são sensacionais e se a lógica acontecer em 24 de fevereiro, a estatueta de fotografia está garantida. O que parece que está longe de estar garantida, para não dizer completamente perdida, é a estatueta de Melhor Filme, considerando que a Academia nunca foi muito fã de Spielberg e que ‘Argo‘ abocanhou o Globo de Ouro de Direção e Filme além do Screen Actors Guild of America de Melhor Elenco, Directors Guild of America (Melhor Direção), Producers Guild of America (Melhor Filme) e Writers Guild of America (Melhor Roteiro Adaptado). Mesmo perdendo, ‘Lincoln‘ mantém seus méritos, apesar de não ser, como propuseram, a obra máxima de Spielberg.



Nota: 8

Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Tony Kushner
Elenco: Daniel Day-Lewis, Sally Field e David Strathairn.

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