terça-feira, 11 de março de 2014

Carnaval de Injustiças

Nunca fui fã do Paulo Barros. Mesmo quando contava com a total admiração da mídia e do público. Sempre achei que aquilo que fazia era algo até parecido com carnaval, mas não propriamente carnaval. E jogando para escanteio o politicamente correto, o que este proporciona atualmente é um verdadeiro estupro do carnaval carioca. Com suas alas coreografadas,  alegorias vivas e ideias por vezes enfadonhas, como colocar uma bateria em cima de um carro, Paulo Barros troca a alegria e a espontaneidade pela rigidez teatral. Acaba com o chão da escola o substituindo pelo controle marcial de alas inteiras. Transforma a festa popular em um espetáculo hollywoodiano ou em uma apresentação do Cirque du Soleil. 

Em sua curta, porém vitoriosa carreira, com 3 títulos em 10 anos de grupo especial, posso dizer que em apenas dois momentos considerei seu trabalho digno de uma crítica positiva minha: em 2007 quando colocou um carro de cabeça para baixo no desfile da Viradouro e no título de 2010 pela Tijuca com 'É Segredo' quando conseguiu equilibrar o seu carnaval conceitual com o carnaval normal. Outros bons momentos podem ter ocorrido, mas não foram suficientemente bons para guardá-los na memória. Fora isso, seus trabalhos partiram do desequilíbrio na qualidade das alegorias ou em devaneios absurdos. 


Custódio Coimbra - O Globo


www.tribunadopiaui.com.br 

Neste carnaval no qual mais uma vez saiu consagrado dando o 4º título para a ex-patinho feio, Unidos da Tijuca com um desfile pautado sobretudo pela repetição de carros, tendo quase metade  deles constituído por degraus laterais, pela falta de criatividade na comissão de frente com um truque enfadonho e pelo samba abaixo da média (mas esse não é culpa dele). Pode-se dizer que pelo menos, dois desfiles foram visivelmente melhores (Salgueiro e Portela) e quiçá  também a União da ilha apesar dos problemas apresentados. Mas enfim, como já conseguiu instituir uma grife, Paulo Barros consegue vencer até quando a criatividade lhe falta. 

Injustiça maior talvez tenha sido cometida contra a Império da Tijuca. Com um dos cinco melhores sambas do ano, uma excelente bateria, com destaque para a caixa e o surdo de terceira, e um desfile bem acertado, fez mais bonito do que pelo menos três escolas: Vila Isabel (sem fantasias e de carros mal concebidos), Mocidade (de enredo confuso e com uma das piores comissões de frente da história) e São Clemente que pecou pela total falta de presença na avenida. 

Resultados assim, discrepantes da opinião da crítica e pública, não são incomuns, até mesmo porque as seis primeiras classificadas (em posições diferentes) eram até certo modo esperados, mas quando atingem tanto o topo como como a parte debaixo da tabela, assustam e colocam em cheque a seriedade do julgamento. Parece que algumas atitudes podem ser tomadas, principalmente com relação aos jurados de fantasias e alegorias de adereços que tiraram poucos pontos da Vila Isabel colocando-a na frente de outras escolas, Império da Tijuca por exemplo, nesses quesitos. É necessário aguardar a divulgação das justificativas, em geral 15 dias após a abertura dos envelopes, para sabermos as explicações dos julgadores e entendermos (ou não) o porque desse resultado, no mínimo inesperado.  

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